Se blindar de mil e uma formas...

Tá cada dia mais difícil ser mulher nessa sociedade. Os problemas antigos só se misturam e evoluem ainda mais com os novos.

Cada dia é um flash, uma nova forma que aparece que nos ameaça, nos humilha, nos mata.

Temos que pensar em qual lado andar na rua: se perto dos portões podemos ser encurraladas, se próxima à guia podemos ter a bolsa levada. 

Temos que andar com o cabelo em coque, ter algo em mãos para nos defender (chave, guarda-chuva), não podemos andar com fones, nem algo que nos distraia. 

Porque só nós temos que ser vigilantes o tempo todo? Porque só ficamos mais calmas, ou menos inseguras quando temos uma presença masculina por perto para andar a noite?

Nós não temos o direito de ir e vir? Se entramos em uber já começamos a criar formas de atacar o motorista caso ele venha com graça. Se estamos no ônibus, vamos mapeando rapidamente o lugar para sentar, caso algo aconteça.

E fora tudo isso, ainda encaramos a diferença salarial, para mesmas funções. A sobrecarga de trabalho, pois mulher pode trabalhar fora, desde que dê conta 100% da casa, e já o homem trabalha o dia inteiro, e tadinho, precisa descansar! NÃO!

Será que teremos que ensinar às novas gerações as nossas táticas de esconder os cartões, dinheiro e celulares em lugares que até Deus duvida quando estamos sozinhas? Ou elas já poderão andar mais tranquilas, sem medo de assédio, roubo e tudo o mais?

E não vamos esquecer quando precisamos nos blindar no lugar em que devia ser nosso primeiro porto seguro: dentro de casa! Onde meninas não podem sequer demostrar que estão menstruada, ou que estão com cólica, pois isso é fraqueza aos olhos masculinos. Que não podem andar de top dentro de casa, pois o primo, padrasto, irmão, pai, podem olhar com cobiça.

Não venham com masculinidade frágil e nem me falar que tudo o que disse aqui é mimimi. Não é! Pergunte a 3 mulheres, mostre esse texto, e veja quantas concordam com o que eu disse!

Temos que nos blindar de mil e uma formas, infelizmente. Mas só assim, conseguimos viver 24 horas de forma tranquila, ou o mais perto disso.